Morei nesta rua, a qual localiza-se no bairro Fazenda Grande do Retiro, até os seis anos, depois fui morar na casa da minha avó- no bairro Fazenda Garcia- quando minha mãe faleceu.
A
rua, em questão mudou muito antes não era asfaltada, mas os carros iam até a
porta, as casas estão mais bonitas, o local ficou muito valorizado, porém os moradores
sofrem com a falta de equipamentos para o lazer das crianças,,jovens e adultos (falta uma quadra
poliesportiva),
Minha avó contava que meu avô comprou um terreno extenso,o qual começava na Fazenda Grande e terminava no Bom Juá, mas como ele não construiu de imediato foram invadindo, sobrando apenas a metragem localizada na 3ª Travessa das Pitangueiras, onde meus pais construiram a casa onde morei até os seis anos.
CONTEXTO HISTÓRICO
As terras brasileiras, que pertenciam a Portugal, eram invadidas por povos estrangeiros que chegavam por mar e havia também constantes lutas entre os índios- os verdadeiros donos da terra - e os colonos.
Para resolver esses problemas,D. João III criou um Governo Geral para dar ajuda, segurança, promover a ordem, justiça e levar a fé católica às povoações que existiam, livrando-as do ataque dos piratas e dos índios; devendo ainda incentivar o aparecimento de novas povoações.
A frota chegou à Bahia de Todos os Santos e ancorou no Porto da Barra, no dia 29 de março de 1549. A primeira preocupação do governador geral- Tomé de Souza- foi escolher o local para construir a cidade, seguindo as recomendações do rei D. João III: construir uma cidade-fortaleza, em local seguro, próximo ao mar. Assim, auxiliado por Luiz Dias, mestre do "risco e pedrarias", foi feito o traçado inicial da cidade no alto da Baía de Todos os santos, chamada Cidade Real do salvador, nome escolhido pelo rei para a capital do Brasil-Colõnia.
Durante o período colonial as culturas agrícolas da cana-de -açúcar, algodão,cacau e fumo foram desenvolvidas na Bahia.
As primeiras cabeças de gado bovino chegaram à Bahia em 1549, trazidas por Tomé de Souza.
A criação de bovinos desenvolveu-se inicialmente, junto aos engenhos, com o objetivo de servir como transporte, força de trabalho nas moendas e alimento para seus moradores.
Com a expansão constante das áreas de cultivo de cana, o gado foi perdendo seu lugar junto aos engenhos. além disso, a população aumentava e a criação de gado foi se tornando insuficiente para alimentar a todos.A saída era levar a criação de gado para o interior, até então inexplorado.
As boiadas saíam do litoral seguindo os cursos dos rios Paraguaçu,São francisco,Vasa-barris e Itapicuru até alcançarem o sertão da Chapada Diamantina e das atuais mesorregiões Nordeste baiano e vale Sanfranciscano da Bahia.
A criação de gado expandiu-se tanto pelo pelo sertão sanfranciscano que o rio São Francisco ficou conhecido como o "rio dos currais".
Naquela época não existiam estradas, e os colonos viajavam a pé, guiando as boiadas, abrindo caminhos, enfrentando obstáculos naturais como: vegetação, elevações do terreno, rios, animais selvagens e venenosos.
“A
partir da Independência, e quando se organizaram as províncias com o novo
regime, começam os seus Presidentes a preocupar-se com a abertura de estradas reais,
procurando facilitar o tráfego da Capital com os principais centros agrícolas e
produtores, e destes entre si. É
nessa oportunidade que se constrói a Estrada das Boiadas, entre a Capital e
Feira de Santana, cujas obras foram iniciadas em 1847, ficando concluída em 1859.
”(Pág.IX-7)
A Estrada
das Boiadas, apesar de ser uma rota já existente e, conhecida pelos criadores e condutores
de gado desde o século XVIII, só recebeu atenção especial do governo provincial
em meados do século XIX, quando foram iniciados os trabalhos de alargamento e
nivelamento, com a
finalidade de facilitar o trânsito para as boiadas e para os viajantes que
vinham do sertão.
“Em
1910 a prefeitura construiu a estrada de Salvador à Água Comprida, sobre a
antiga estrada das Boiadas (Simas Filho, 1978: IX: 7).Em 1919 foi inaugurado o
trecho ligando o Largo do Tanque a Pirajá(Scheinouwitz,1998:200)”
No
final do século XIX, a cidade do Salvador era um dos centros-sede
político-administrativa, era capital; o escoamento da produção agromercantil
realizava-se pelo porto de Salvador. E o comércio interno estava em expansão; a
sociedade era agrária, latifundiária, escravista e de base patriarcal.
Salvador foi a primeira cidade baiana a implantar o serviço de transporte coletivo urbano.Em 1839 a Câmara Municipal decidiu criar as carruagens públicas.
Em 1871 foi inaugurada a primeira linha de bondes puxados por animais;
Em 1897 surgiram os bondes elétricos, modernos e rápidos para a época, ficaram em circulação até cerca de 1952, quando foram substituídos pelos ônibus. Os primeiros ônibus começaram a ser utilizados em 1929.
HISTÓRICO DO BAIRRO
O
bairro recebeu esse nome por ser uma fazenda - pertencia ao Sr.Justino, que em
1940 decidiu arrendar a sua propriedade e vender pequenos lotes para pessoas
interessadas em morar na região-, sua área total é de 177,23ha, está localizado
na zona norte da cidade, é limitado ao Norte- São Caetano; ao Sul - Largo do
Retiro; Leste - BR-324 e ao Oeste-Av. San Martin e Suburbana. Divide-se em três
núcleos principais, além do núcleo central: Fonte do Capim; Bom Juá: Jaqueira
do Carneiro.
Segundo
informações contidas no relatório da Coordenação de Desenvolvimento
Social-CDS -Informações Sistematizadas dos bairros de baixa Renda Vol. I, a
ocupação dessas terras deu-se através de invasão, existindo, contudo alguns
casos de loteamento da Prefeitura Municipal de Salvador (funcionários
públicos-ASPLUR). Conjuntos Residenciais. (Bernardo Spector e Melo Morais) e
terrenos rendeiros.
Segundo
a Wikipédia, é um morro cortado por uma rua de aproximadamente 7 km, recebeu o
nome do intelectual Alexandre José Melo Morais Filho; em 1901 os senhores Gama
e Antonio Machado da Silva adquiriram uma grande quantidade de terras, que
iniciava na Melo Morais Filho e terminava na Avenida San Martin.
ENTREVISTA
Entrevistei no dia 28/07 a Srª Rosa Lima,moradora antiga da 1ª Travessa das Pitangueiras. Perguntei se conhecia a origem do nome da rua. Informou-me que quando chegou ao bairro em 1952, as travessas já tinham essa denominação. Ela acha que recebeu o nome devido a grande quantidade de pitangueiras. Ainda não tinha a Empresa Gráfica, a creche, o posto médico e nem a escola no fim de linha - no local funcionava uma granja, tinha muitas pitangueiras, mato, roças e poucas casas.
As poucas casas existentes na rua eram construídas com palha, varas, barro-taipa); muitas roças; muito mato; muitas árvores frutíferas - mangueiras, abacateiros, cajueiros, coqueiros, pitangueiras; criação de porcos próxima ao Retiro-pertencia ao dr. Rubens; muito vagalume, cobra e calango.
Relatou que não tinha luz elétrica, água encanada- para conseguir água precisava deslocar-se até uma fonte - fonte da bica - existente no final da 1ª travessa; caso precisasse comprar carvão, gás, farinha, carne ia à feira de Água de Meninos ou Sete Portas ou então dirigia-se até o Largo do Tanque, Retiro ou Alto do Peru. Com o advento da Petrobrás o foi povoado e urbanizado.
Contou também que conheceu o sr. Justino- ele morava na rua de cima, o matadouro localizava-se onde é hoje a unidade do SESI, no Retiro - onde pegava o bonde.
Segundo informações de dona Rosa, o comércio está bem diversificado, tem
estabelecimentos comercias de pequeno e médio porte, formal e informal - mine mercados,
armarinhos, farmácias, padarias, floricultura, barracas de frutas, casas de
material de construção, açougue, boutique, locadora de DVD, escolas
particulares, lanchonetes.
Referências
A Grande Salvador - Posse e Uso da Terra Projetos Urbanísticos Integrados (página IX - 7)
Coordenação
de Desenvolvimento Social -CDS -Informações Sistematizadas dos Bairros de Baixa
Renda Volume I – Prefeitura Municipal de Salvador – Fundação Gregório de Matos;
DANTAS, ZÉLIA MARIA WANDERLEY, HISTORIANDO: história e geografia: o município 2 / Zélia Maria Wanderley Dantes - Recife: Edições bagaço, 1999.
DIEZ, ALBANI GALO, 1993 - Segredos da Bahia: historia / Albani Galo Diez - São Paulo: FTD, 2001
VASCONCELOS, DE ALMEIDA PEDRO Salvador: Transformações e Permanências (1549-1999)-Página 206
Acesso em 31. julho 2014
WIKIPÉDIA
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